A urgência de proteger nossas crianças começa com a escuta.
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- 21 de mai.
- 2 min de leitura

Maio é um mês simbólico e sensível. Ele nos convida à reflexão sobre um tema urgente, delicado e muitas vezes silenciado: o abuso e a exploração sexual contra crianças e adolescentes.
No Brasil, segundo dados do Disque 100, milhares de casos de violência contra crianças são registrados todos os anos — e sabemos que, infelizmente, muitos não chegam a ser denunciados. Por isso, o Maio Laranja não é só uma campanha: é um apelo coletivo por proteção, escuta e ação.
Como psicólogo e neuropsicólogo, tenho visto em consultório as marcas profundas que o abuso deixa em uma criança. E quando falo de marcas, não me refiro apenas às emocionais — mas também às neuropsicológicas, que interferem diretamente no desenvolvimento cognitivo, no comportamento e na forma como a criança passa a se relacionar com o mundo.
O trauma afeta o cérebro em desenvolvimento
A infância é o momento em que o cérebro está em formação. Vivências traumáticas, como o abuso, impactam estruturas cerebrais fundamentais, como o hipocampo, a amígdala e o córtex pré-frontal — áreas ligadas à memória, ao controle emocional e à tomada de decisões.
Esses danos podem gerar dificuldades escolares, alterações de humor, transtornos de ansiedade, depressão e outros sintomas que, sem o olhar atento de um adulto, acabam sendo tratados como "birra", "preguiça" ou "rebeldia".
O que podemos fazer como sociedade?
Proteger crianças é uma responsabilidade compartilhada. Isso começa com algo simples, mas essencial: escutar.
Escutar de verdade. Com presença, com sensibilidade, sem julgamento.
A escuta é o primeiro passo para que uma criança se sinta segura para contar o que está vivendo — ou o que viveu.
E, muitas vezes, essa escuta precisa ser treinada. Nós, profissionais da saúde, da educação e das famílias, precisamos aprender a reconhecer sinais não verbais, mudanças de comportamento, falas fragmentadas, medos repentinos.
A avaliação neuropsicológica como ferramenta de cuidado
Quando há suspeita de abuso, uma das formas de oferecer suporte à criança é por meio da avaliação neuropsicológica. Ela nos ajuda a entender como o trauma afetou seu desenvolvimento cognitivo e emocional, orientando intervenções mais assertivas e individualizadas.
Mais do que um diagnóstico, essa avaliação é uma forma de devolver à criança algo que muitas vezes lhe foi tirado: o direito de ser compreendida.
Maio Laranja é todo dia
Essa campanha é um lembrete de que nenhuma criança deveria carregar o peso de um silêncio forçado. Que toda infância merece ser vivida com segurança, leveza e afeto.
E que nós, adultos, precisamos estar atentos. Porque proteger é também uma forma de amar.
Com carinho,
Paulo Secato
Neuropsicólogo








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