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A urgência de proteger nossas crianças começa com a escuta.

Consultório do Dr. Paulo Secato
Consultório do Dr. Paulo Secato

Maio é um mês simbólico e sensível. Ele nos convida à reflexão sobre um tema urgente, delicado e muitas vezes silenciado: o abuso e a exploração sexual contra crianças e adolescentes.

No Brasil, segundo dados do Disque 100, milhares de casos de violência contra crianças são registrados todos os anos — e sabemos que, infelizmente, muitos não chegam a ser denunciados. Por isso, o Maio Laranja não é só uma campanha: é um apelo coletivo por proteção, escuta e ação.

Como psicólogo e neuropsicólogo, tenho visto em consultório as marcas profundas que o abuso deixa em uma criança. E quando falo de marcas, não me refiro apenas às emocionais — mas também às neuropsicológicas, que interferem diretamente no desenvolvimento cognitivo, no comportamento e na forma como a criança passa a se relacionar com o mundo.



O trauma afeta o cérebro em desenvolvimento

A infância é o momento em que o cérebro está em formação. Vivências traumáticas, como o abuso, impactam estruturas cerebrais fundamentais, como o hipocampo, a amígdala e o córtex pré-frontal — áreas ligadas à memória, ao controle emocional e à tomada de decisões.

Esses danos podem gerar dificuldades escolares, alterações de humor, transtornos de ansiedade, depressão e outros sintomas que, sem o olhar atento de um adulto, acabam sendo tratados como "birra", "preguiça" ou "rebeldia".

 

O que podemos fazer como sociedade?

Proteger crianças é uma responsabilidade compartilhada. Isso começa com algo simples, mas essencial: escutar.

Escutar de verdade. Com presença, com sensibilidade, sem julgamento.

 A escuta é o primeiro passo para que uma criança se sinta segura para contar o que está vivendo — ou o que viveu.

 E, muitas vezes, essa escuta precisa ser treinada. Nós, profissionais da saúde, da educação e das famílias, precisamos aprender a reconhecer sinais não verbais, mudanças de comportamento, falas fragmentadas, medos repentinos.


 A avaliação neuropsicológica como ferramenta de cuidado

Quando há suspeita de abuso, uma das formas de oferecer suporte à criança é por meio da avaliação neuropsicológica. Ela nos ajuda a entender como o trauma afetou seu desenvolvimento cognitivo e emocional, orientando intervenções mais assertivas e individualizadas.

Mais do que um diagnóstico, essa avaliação é uma forma de devolver à criança algo que muitas vezes lhe foi tirado: o direito de ser compreendida.


Maio Laranja é todo dia

Essa campanha é um lembrete de que nenhuma criança deveria carregar o peso de um silêncio forçado. Que toda infância merece ser vivida com segurança, leveza e afeto.

 E que nós, adultos, precisamos estar atentos. Porque proteger é também uma forma de amar.

Com carinho,

Paulo Secato

Neuropsicólogo



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