🧠 Disforia de gênero em crianças e adolescentes: o que é, sinais e como ajudar
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- 26 de ago.
- 3 min de leitura
Por Paulo Secato – Psicólogo e Neuropsicólogo
A infância e a adolescência são fases de intenso desenvolvimento emocional, corporal e identitário. Em alguns casos, podem surgir sentimentos persistentes de desconforto com o próprio corpo e com o gênero designado ao nascer. Esse fenômeno tem nome: disforia de gênero.

🌱 O que é disforia de gênero?
A disforia de gênero é um desconforto profundo e duradouro entre o sexo biológico e o gênero com o qual a pessoa realmente se identifica. Esse sentimento pode aparecer desde cedo, na infância, mas tende a se intensificar durante a adolescência — especialmente com as transformações físicas provocadas pela puberdade.
Importante destacar: não se trata de uma fase ou modismo, e sim de uma experiência reconhecida e descrita nos principais manuais diagnósticos, como o DSM-5 e a CID-11.
📚 Referências: DSM-5; CID-11; Nota Técnica CFP, 2022.
🔍 Quais são os sinais de disforia de gênero?
Nem toda criança que brinca com papéis de gênero diferentes apresenta disforia. O que merece atenção é a persistência, consistência e intensidade dos sinais. Alguns deles incluem:
Identificação firme e constante com outro gênero (além de simples brincadeiras)
Sofrimento emocional, ansiedade ou retraimento social
Queixas sobre o próprio corpo, especialmente em relação às mudanças da puberdade
Alterações no sono, no apetite ou no rendimento escolar
Esses sinais não devem ser vistos como motivo de alarde, mas como convites à escuta, ao acolhimento e à investigação cuidadosa.
🧪 Qual o papel da avaliação neuropsicológica?
A avaliação neuropsicológica é uma ferramenta fundamental nesse contexto. Ela não existe para "confirmar" ou "negar" a identidade de alguém — e sim para compreender os impactos cognitivos, emocionais e sociais desse sofrimento.
Entre os aspectos analisados, estão:
Atenção, memória e funções executivas
Nível de sofrimento psicológico e estratégias de enfrentamento
Relações familiares, escolares e sociais
Presença de outras condições associadas (como ansiedade, TDAH, TEA, entre outras)
Com base nessa análise, é possível oferecer orientações mais seguras e éticas para a criança, a família e a rede de apoio.
🤝 Como a família pode ajudar?
O papel da família é central. Quando há escuta ativa e apoio incondicional, o sofrimento tende a diminuir — mesmo que o desconforto persista. Algumas atitudes fundamentais:
Acolher sem julgamento ou rótulos
Manter um diálogo aberto e respeitoso
Evitar pressões ou decisões precipitadas
Buscar profissionais especializados e atualizados
Lembre-se: acolher não é "incentivar" nem "reprimir" — é criar um espaço seguro para que a criança ou adolescente possa se expressar e ser compreendido(a).
✅ Existe apoio no SUS?
Sim! O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento especializado por meio do Processo Transexualizador, com base em legislações federais. Esse acompanhamento é feito por equipe multidisciplinar, incluindo psicólogos, psiquiatras, endocrinologistas e assistentes sociais.
Vale destacar que:
A intervenção com bloqueadores hormonais só pode ser considerada a partir dos 16 anos
Toda intervenção deve ser precedida por avaliação psicológica e médica cuidadosa, com consentimento livre e esclarecido
📚 Referências: Nota Técnica do CFP sobre o Processo Transexualizador; Resoluções do CFM; Portarias do Ministério da Saúde.
💡 Dica final para pais e responsáveis
Se o desconforto com o corpo ou com o gênero está trazendo sofrimento e afetando o dia a dia da criança ou adolescente, vale procurar um profissional especializado em avaliação psicológica ou neuropsicológica.
Essa avaliação não é um teste que aprova ou reprova ninguém. Pelo contrário: ela é um instrumento de cuidado, proteção e orientação, que pode ajudar a construir caminhos mais seguros para o desenvolvimento emocional e a expressão da identidade.
👉 Quer conversar sobre isso?
Se você é pai, mãe, familiar ou profissional e precisa de orientação, estou à disposição para acolher com responsabilidade, escuta e compromisso com a ciência e os direitos humanos. Entre em contato e saiba como posso ajudar.








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