top of page

🧠 Disforia de gênero em crianças e adolescentes: o que é, sinais e como ajudar

Por Paulo Secato – Psicólogo e Neuropsicólogo


A infância e a adolescência são fases de intenso desenvolvimento emocional, corporal e identitário. Em alguns casos, podem surgir sentimentos persistentes de desconforto com o próprio corpo e com o gênero designado ao nascer. Esse fenômeno tem nome: disforia de gênero.



ree

🌱 O que é disforia de gênero?

A disforia de gênero é um desconforto profundo e duradouro entre o sexo biológico e o gênero com o qual a pessoa realmente se identifica. Esse sentimento pode aparecer desde cedo, na infância, mas tende a se intensificar durante a adolescência — especialmente com as transformações físicas provocadas pela puberdade.


Importante destacar: não se trata de uma fase ou modismo, e sim de uma experiência reconhecida e descrita nos principais manuais diagnósticos, como o DSM-5 e a CID-11.

📚 Referências: DSM-5; CID-11; Nota Técnica CFP, 2022.


🔍 Quais são os sinais de disforia de gênero?

Nem toda criança que brinca com papéis de gênero diferentes apresenta disforia. O que merece atenção é a persistência, consistência e intensidade dos sinais. Alguns deles incluem:

  • Identificação firme e constante com outro gênero (além de simples brincadeiras)

  • Sofrimento emocional, ansiedade ou retraimento social

  • Queixas sobre o próprio corpo, especialmente em relação às mudanças da puberdade

  • Alterações no sono, no apetite ou no rendimento escolar

Esses sinais não devem ser vistos como motivo de alarde, mas como convites à escuta, ao acolhimento e à investigação cuidadosa.


🧪 Qual o papel da avaliação neuropsicológica?

avaliação neuropsicológica é uma ferramenta fundamental nesse contexto. Ela não existe para "confirmar" ou "negar" a identidade de alguém — e sim para compreender os impactos cognitivos, emocionais e sociais desse sofrimento.

Entre os aspectos analisados, estão:

  • Atenção, memória e funções executivas

  • Nível de sofrimento psicológico e estratégias de enfrentamento

  • Relações familiares, escolares e sociais

  • Presença de outras condições associadas (como ansiedade, TDAH, TEA, entre outras)

Com base nessa análise, é possível oferecer orientações mais seguras e éticas para a criança, a família e a rede de apoio.


🤝 Como a família pode ajudar?

O papel da família é central. Quando há escuta ativa e apoio incondicional, o sofrimento tende a diminuir — mesmo que o desconforto persista. Algumas atitudes fundamentais:

  • Acolher sem julgamento ou rótulos

  • Manter um diálogo aberto e respeitoso

  • Evitar pressões ou decisões precipitadas

  • Buscar profissionais especializados e atualizados

Lembre-se: acolher não é "incentivar" nem "reprimir" — é criar um espaço seguro para que a criança ou adolescente possa se expressar e ser compreendido(a).


✅ Existe apoio no SUS?

Sim! O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento especializado por meio do Processo Transexualizador, com base em legislações federais. Esse acompanhamento é feito por equipe multidisciplinar, incluindo psicólogos, psiquiatras, endocrinologistas e assistentes sociais.

Vale destacar que:

  • intervenção com bloqueadores hormonais só pode ser considerada a partir dos 16 anos

  • Toda intervenção deve ser precedida por avaliação psicológica e médica cuidadosa, com consentimento livre e esclarecido

📚 Referências: Nota Técnica do CFP sobre o Processo Transexualizador; Resoluções do CFM; Portarias do Ministério da Saúde.


💡 Dica final para pais e responsáveis

Se o desconforto com o corpo ou com o gênero está trazendo sofrimento e afetando o dia a dia da criança ou adolescente, vale procurar um profissional especializado em avaliação psicológica ou neuropsicológica.


Essa avaliação não é um teste que aprova ou reprova ninguém. Pelo contrário: ela é um instrumento de cuidado, proteção e orientação, que pode ajudar a construir caminhos mais seguros para o desenvolvimento emocional e a expressão da identidade.


👉 Quer conversar sobre isso?

Se você é pai, mãe, familiar ou profissional e precisa de orientação, estou à disposição para acolher com responsabilidade, escuta e compromisso com a ciência e os direitos humanos. Entre em contato e saiba como posso ajudar.


ree

 
 
 

Comentários


bottom of page